segunda-feira, 28 de março de 2011

Um pouco de história

Desde que iniciei este blog tenho escrito um texto a cada mês (tudo bem que iniciei há dois meses apenas, hehe), então já está na hora de escrever mais uma vez... Pensei em escrever um pouco sobre o que já fiz, faço e pretendo fazer na vida. Sobre as coisas que já fiz que pareceram não ter nenhum sentido quando aconteceram, e sobre o que faço hoje, pois é o que acredito que vai me preparar bem para um futuro que planejo, mas sei que está nas mãos de Deus.

Bom, o que eu sempre soube que queria fazer na vida é casar, ter filhos e ter uma família. Até pensava em profissões, mas nunca sonhei ou quis muito seguir nenhuma. Não que não quisesse trabalhar, só não sabia o que queria fazer. Pensei em várias coisas, desde ser astrônoma até ecóloga, passando por bibliotecária, psicóloga, farmacêutica, entre outras que nem me lembro mais. Aí para escolher o que prestar no vestibular foi uma novela... Na escola eu gostava de quase todas as matérias e ia bem na maioria delas (apesar de que hoje eu sei que decidir o que prestar no vestibular com base nas matérias escolares não é necessariamente um bom critério). Fiz orientação profissional na escola e com uma psicóloga, e acabei prestando Letras e Biologia.  Digo “acabei prestando” porque não foi exatamente uma escolha que eu fiz, decidi por eliminação, foi quase o que sobrou para mim. E então, passei nos dois cursos, e fui fazer o de Letras, na Unesp. Até hoje não sei o que me passou pela cabeça quando resolvi que ia me matricular em Letras e não em Biologia. Sei que Deus estava me dirigindo o tempo todo, mas não consigo lembrar o que pensei na hora.

O começo do curso foi difícil para mim, mas provavelmente menos do que é para muita gente, pois não tive que mudar de cidade, nem sair de casa e morar sozinha ou com pessoas desconhecidas de repente. Minha faculdade era em Araraquara, que fica uns 40 km distante de São Carlos, onde moro, então podia voltar para casa com facilidade todos os dias. Mas foi difícil, porque eu não gostei de quase nenhuma das disciplinas iniciais. A única que salvava o curso para mim era a Língua Alemã. Para completar, aconteceu uma greve no fim do primeiro semestre, então as aulas foram suspensas, e justamente na época de provas, bagunçando e atrasando as férias e o início do próximo semestre letivo.

Em meu primeiro semestre de Letras, eu tinha dificuldades para acompanhar as leituras passadas pelos professores e sentia uma vontade muito grande de voltar a ver números, estudar química, biologia, física, geografia, e até um pouquinho de matemática. Aí comecei a pensar que talvez fosse melhor fazer Biologia. Não podia ver um bicho ou uma planta que já suspirava. Resolvi então parar de fazer Letras e prestar novamente o vestibular para Biologia. Fiz um mês de cursinho pré-vestibular, então quis voltar a fazer Letras. Não sei como meus pais tiveram tanta paciência comigo, não sei se eu teria, hehe. Mas graças a Deus, devido ao atraso para o começo do segundo semestre e a alguns feriados e congressos que aconteceram na Unesp, consegui voltar, sem ter perdido muitas aulas e sem ficar com muitas faltas.

Bom, continuei fazendo o curso. Não ficou mais fácil, mas surgiram algumas matérias que achei um pouco mais interessantes, e aos poucos fui me acostumando e até aprendendo a gostar do que estava fazendo. Quando estava no fim do primeiro ano, uma amiga da minha turma, que também é cristã e presbiteriana, me convidou para morar com ela em Araraquara. Comecei então meu segundo ano de faculdade longe de casa (mesmo que só 40 km). Novamente, foi difícil no começo. A adaptação da vida em um lugar diferente com alguém que ainda não conhecia tão bem não foi simples, mas aconteceu, e hoje posso dizer que ter morado em Araraquara foi a experiência mais enriquecedora para mim, que mais me fez crescer e que mais me aproximou de Deus (pelo menos até agora!).

Não lembro direito quando, acho que no fim do segundo ano, ou já no terceiro, voltei a pensar na Biologia. (Quanta indecisão, haja paciência!) Eu não tinha muitas perspectivas com o curso de Letras, não queria ser professora, nem seguir carreira acadêmica, e aí as opções que restam não são muitas. Coloquei na cabeça então que ia me formar em Letras e depois fazer Biologia e trabalhar com conservação ambiental. Tinha até descoberto uma ONG de proteção ambiental cristã e queria trabalhar lá, estava superanimada.

Mas chegando ao quarto ano, tive uma disciplina de Prática de Ensino de Língua Alemã, depois fiz estágio dando aulas de alemão, e tive que fazer minha Monografia de Conclusão de Curso, que fiz também na área de Língua Alemã, trabalhando com tradução. Esse meu quarto ano na faculdade foi certamente o melhor de todos. Ficou claro para mim que se vou ter uma profissão, será trabalhando com a Língua Alemã, seja ensinando, seja traduzindo. Descobri que gosto de ser professora, quando sei bem e gosto do que devo ensinar e quando há alguém interessado em aprender. O trabalho de tradução acho fascinante, é algo como contar um segredo a alguém, iluminar algo que estava escondido no escuro, encontrar um tesouro e dividir com todos os amigos, montar um quebra-cabeça (bom, essa última comparação vale pelo menos para o caso do alemão, hehe).

Terminei o curso de Letras em 2010, e esse ano vou passar alguns meses na Alemanha, estudando mais alemão. Daqui a um mês estarei no avião voando para lá. Espero aprender muito nessa viagem, não só para trabalhar melhor depois, mas principalmente para servir a Deus melhor, para glorificá-lo mais e para me alegrar mais nele. Espero sinceramente que minha experiência na Alemanha supere a que tive em Araraquara!

“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossences 3.17)

terça-feira, 1 de março de 2011

A verdadeira culpa humana e a maravilhosa solução divina


Estou lendo o livro Culpa e Graça - Uma análise do sentimento de culpa e o ensino do evangelho de Paul Tournier, publicado no Brasil pela ABU Editora. Sei pouco sobre o autor além de que ele foi um médico psiquiatra suíço, filho de um pastor e viveu de 1898 a 1986. Ainda não li o livro todo, mas os trechos do capítulo intitulado “Verdadeira ou falsa culpa” que transcrevo a seguir me foram esclarecedores e me parecem muito sábios!


"A 'falsa culpa', em primeiro lugar, é a que resulta dos julgamentos dos homens e de suas sugestões. A 'verdadeira culpa' é a que resulta do julgamento divino."

Sobre o trecho bíblico de Lucas 2.42-51, em que Jesus, aos 12 anos, vai com seus pais a Jerusalém na época da Páscoa, e não retorna com eles. Quando o encontram no templo, sentado entre os mestres, sua mãe o repreende. Ele, porém, responde: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?" (Lc 2.49):
"Quando criança, o ideal de Jesus era não causar aflição à sua mãe, mas ele deveria tornar-se independente para assumir logo a condição de adulto: cumprir a missão a que Deus o chamara, e preparar-se desde já. A partir daquele momento, a verdadeira culpa seria negligenciar este apelo interior, seria permanecer dependente de seus pais, limitado a todas as suas exigências.
Observem que Jesus deixou sua mãe muito preocupada. Maria podia considerá-lo como culpado em relação a ela, por causa da angústia que ele lhe causou. Não se trata simplesmente de uma culpa imaginária, mas bem concreta. O termo 'culpa irreal' me parece então, ao menos aqui, menos adequado que o da 'culpa infantil'. Ora, Jesus rejeita esta culpa infantil, ele não se reconhece culpado. Ele se justifica com muita segurança. Ele é a causa do sofrimento alheio, mas não o culpado. Podemos concluir daí uma verdade de grande importância: não é a realidade objetiva de um mal causado a outrem que pode servir para autenticar a culpa. A distinção entre uma falsa culpa e uma verdadeira não é tão somente uma distinção entre um mal imaginário ou um mal real causado a outrem. O critério é bem diferente: trata-se de saber se a conduta foi contrária à vontade de Deus ou conforme ela."

"A única verdadeira culpa é a de não depender de Deus, somente de Deus. 'Não terás outros deuses diante de mim' (Êx 20:3)."

"Esta dependência pessoal de Deus nos liberta do peso das leis, dos julgamentos e dos condicionamentos sociais."

"Vemos com que firmeza a Bíblia afirma que a única culpa verdadeira é a desobediência a Deus ou qualquer outra submissão que não seja submissão a Deus."

"De fato, toda culpa sugerida pelo julgamento dos homens é uma falsa culpa se não é atestada internamente por um julgamento de Deus."

"A verdadeira culpa é então, com frequência, completamente diferente da que constantemente pesa sobre nós em decorrência do nosso medo do julgamento social e das censuras dos homens. Nós nos tornamos mais independentes deles na medida em que dependemos mais de Deus."

"Cedo ou tarde, para cumprir seu destino como Deus o traçou, todo homem deve confrontar o julgamento dos outros."

"Pensamentos de Deus e pensamentos dos homens: julgamento de Deus e julgamento dos homens; eis aí, claramente formulada, a oposição entre a verdadeira e as falsas culpas."


Creio que podemos resumir essas ideias de Tournier nestes três pontos:

1.    Há dois “tipos” de culpa: com um deles devemos nos preocupar – nossa culpa de homens pecadores perante um Deus Santo, Justo e Perfeito –, com o outro não – a culpa que nos é infligida pelos olhares e palavras acusadores de homens tão pecadores quanto nós mesmos.
2.    A verdadeira culpa do ser humano é a independência de Deus e sua insubmissão e desobediência a Ele.
3.    Se formos dependentes de Deus, submissos e obedientes a Ele, seremos verdadeiramente livres de qualquer culpa.


Fato é que, seres humanos imperfeitos que somos, por maiores e mais sinceros que sejam nossos esforços, não conseguimos ser totalmente obedientes, submissos e dependentes de Deus.
A mais maravilhosa de todas as verdades é que Ele já nos deu uma solução, simples e suficiente, para toda e qualquer culpa que tenhamos: Jesus viveu em nosso lugar uma vida perfeita, sem culpa alguma! Além disso, mesmo merecendo toda a glória, sofreu o que nós merecíamos pelas nossas culpas. Uma vez que entendemos e aceitamos essa verdade com nossa mente e coração, Deus nos vê através da pura inculpabilidade de Jesus Cristo, de forma que somos adotados como filhos de Deus e assim co-herdeiros com Cristo e participantes de sua glória.

Graças a Deus por isso!