terça-feira, 1 de março de 2011

A verdadeira culpa humana e a maravilhosa solução divina


Estou lendo o livro Culpa e Graça - Uma análise do sentimento de culpa e o ensino do evangelho de Paul Tournier, publicado no Brasil pela ABU Editora. Sei pouco sobre o autor além de que ele foi um médico psiquiatra suíço, filho de um pastor e viveu de 1898 a 1986. Ainda não li o livro todo, mas os trechos do capítulo intitulado “Verdadeira ou falsa culpa” que transcrevo a seguir me foram esclarecedores e me parecem muito sábios!


"A 'falsa culpa', em primeiro lugar, é a que resulta dos julgamentos dos homens e de suas sugestões. A 'verdadeira culpa' é a que resulta do julgamento divino."

Sobre o trecho bíblico de Lucas 2.42-51, em que Jesus, aos 12 anos, vai com seus pais a Jerusalém na época da Páscoa, e não retorna com eles. Quando o encontram no templo, sentado entre os mestres, sua mãe o repreende. Ele, porém, responde: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?" (Lc 2.49):
"Quando criança, o ideal de Jesus era não causar aflição à sua mãe, mas ele deveria tornar-se independente para assumir logo a condição de adulto: cumprir a missão a que Deus o chamara, e preparar-se desde já. A partir daquele momento, a verdadeira culpa seria negligenciar este apelo interior, seria permanecer dependente de seus pais, limitado a todas as suas exigências.
Observem que Jesus deixou sua mãe muito preocupada. Maria podia considerá-lo como culpado em relação a ela, por causa da angústia que ele lhe causou. Não se trata simplesmente de uma culpa imaginária, mas bem concreta. O termo 'culpa irreal' me parece então, ao menos aqui, menos adequado que o da 'culpa infantil'. Ora, Jesus rejeita esta culpa infantil, ele não se reconhece culpado. Ele se justifica com muita segurança. Ele é a causa do sofrimento alheio, mas não o culpado. Podemos concluir daí uma verdade de grande importância: não é a realidade objetiva de um mal causado a outrem que pode servir para autenticar a culpa. A distinção entre uma falsa culpa e uma verdadeira não é tão somente uma distinção entre um mal imaginário ou um mal real causado a outrem. O critério é bem diferente: trata-se de saber se a conduta foi contrária à vontade de Deus ou conforme ela."

"A única verdadeira culpa é a de não depender de Deus, somente de Deus. 'Não terás outros deuses diante de mim' (Êx 20:3)."

"Esta dependência pessoal de Deus nos liberta do peso das leis, dos julgamentos e dos condicionamentos sociais."

"Vemos com que firmeza a Bíblia afirma que a única culpa verdadeira é a desobediência a Deus ou qualquer outra submissão que não seja submissão a Deus."

"De fato, toda culpa sugerida pelo julgamento dos homens é uma falsa culpa se não é atestada internamente por um julgamento de Deus."

"A verdadeira culpa é então, com frequência, completamente diferente da que constantemente pesa sobre nós em decorrência do nosso medo do julgamento social e das censuras dos homens. Nós nos tornamos mais independentes deles na medida em que dependemos mais de Deus."

"Cedo ou tarde, para cumprir seu destino como Deus o traçou, todo homem deve confrontar o julgamento dos outros."

"Pensamentos de Deus e pensamentos dos homens: julgamento de Deus e julgamento dos homens; eis aí, claramente formulada, a oposição entre a verdadeira e as falsas culpas."


Creio que podemos resumir essas ideias de Tournier nestes três pontos:

1.    Há dois “tipos” de culpa: com um deles devemos nos preocupar – nossa culpa de homens pecadores perante um Deus Santo, Justo e Perfeito –, com o outro não – a culpa que nos é infligida pelos olhares e palavras acusadores de homens tão pecadores quanto nós mesmos.
2.    A verdadeira culpa do ser humano é a independência de Deus e sua insubmissão e desobediência a Ele.
3.    Se formos dependentes de Deus, submissos e obedientes a Ele, seremos verdadeiramente livres de qualquer culpa.


Fato é que, seres humanos imperfeitos que somos, por maiores e mais sinceros que sejam nossos esforços, não conseguimos ser totalmente obedientes, submissos e dependentes de Deus.
A mais maravilhosa de todas as verdades é que Ele já nos deu uma solução, simples e suficiente, para toda e qualquer culpa que tenhamos: Jesus viveu em nosso lugar uma vida perfeita, sem culpa alguma! Além disso, mesmo merecendo toda a glória, sofreu o que nós merecíamos pelas nossas culpas. Uma vez que entendemos e aceitamos essa verdade com nossa mente e coração, Deus nos vê através da pura inculpabilidade de Jesus Cristo, de forma que somos adotados como filhos de Deus e assim co-herdeiros com Cristo e participantes de sua glória.

Graças a Deus por isso!

2 comentários:

  1. Vim convidar vc para participar do sorteio que esta rolando lá no meu blog
    http://ellen-andrade.blogspot.com/2011/03/1-sorteio-do-blog.html

    bjoos

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  2. Olá, Jemina.
    Meu nome é Rogério Rezende. Sou escritor e também fã de Paul Tournier. Já li vários livros dele e o seu Culpa e Graça, creio que foi o que mais bem fez a mim. Tenho alguns textos sobre ele no meu blog de textos interessantes: Das Cinzas ao Verde. Não sei se sabe mas foram cortados 3 capítulos deste livro, que foi editado pela ABU. Foi uma pena, poderíamos ter sido mais abençoados com os capítulos cortados.
    Ah! Achei que escreve muito bem, seus argumentos são: incisivos, claros e fortes. Vá em frente menina. Deus a abençõe.

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